Desafios dos novos empreendedores

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desafios dos novos empreendedoresNão há como negar: o cenário atual, de instabilidade econômica, é cheio de desafios para aqueles que querem empreender. Mas a roda precisa continuar girando e muitos apostam suas fichas no sucesso das empresas.

Não há como saber o que vai dar certo e o que vai engrossar as estatísticas sobre mortalidade de negócios e, decidindo empreender, é necessário treinar um olhar minucioso acerca de diversos pontos.

Para o CEO Brasil do grupo Resolve Franchising, Evandro Pinotti, em momentos de desafios na economia surgem oportunidades também. Por isso, nunca deixe de monitorar o mercado.

“O importante é não utilizar um momento de desafio como argumento de baixa performance. O empreendedor deve estar sempre atento aos resultados e aos objetivos da empresa, seja em momentos favoráveis ou desafiadores, do ponto de vista econômico.

Se uma atividade ou outra da empresa não está gerando o resultado esperado, está aí a grande oportunidade de inovar, de se reinventar, de buscar outras sinergias com o mercado que complementarão os resultados da empresa e, consequentemente, a levará a atingir os resultados globais”, ratifica.

Alencar Berwanger, diretor de Marketing e Produto da Senior, ressalta que, primeiramente, o empreendedor precisa ter cuidado de não cair na tentação de achar que já sabe tudo que precisa ser feito.

“É preciso construir o foco no cliente junto com uma visão holística, trabalhando nos três pilares de Produto, Tecnologia e Marketing”, diz o executivo.

Entretanto, o cliente continua sendo parte fundamental deste quebra-cabeça. Mônica Lobenschuss, diretora da rede de franquias Social Lounge diz que, para driblar a turbulência do mercado, o empreendedor precisa estar muito mais focado em prioridades como a prospecção contínua de clientes, a fidelização dos atuais contratos e o relacionamento permanente com a carteira atendida para entender o que o mercado mais valoriza e fazer essa entrega.

Neste momento difícil e, com vários fatores influenciando nas decisões dos empresários, pode ser a hora de colocar o pé no freio. “Talvez seja o momento de adiar decisões estratégicas que envolvam expansão de negócios onerosa e esperar para que se tenha uma visão melhor do que está para vir por aí.

Até porque há uma situação natural de contenção de gastos por parte do mercado e aumento na rigidez das condições para concessão de crédito por parte dos bancos, por exemplo”, analisa Alencar.

Marcus Nakagawa, sócio-diretor da iSetor, diz que, neste momento, o empreendedor deve manter a cabeça tranquila e ser muito racional, principalmente na tomada de decisões com viés financeiro.

“Reveja diariamente todos os custos atrelados aos produtos e serviços e todas as despesas fixas e variáveis. Além disto, caso tenha que buscar capital, pesquise bem entre as várias fontes, privilegiando sempre os menores juros”, aconselha.

E, neste cenário, o conselho de Alencar é concentrar investimentos na inovação de processos, visando aumento da produtividade. Isso quer dizer que a aquisição de sistemas de gestão, por exemplo, pode representar um grande diferencial competitivo com um custo-benefício altamente vantajoso.

Vai dar lucro?

“Momentos de crise podem ser épocas de grandes oportunidades de negócios e, com processos automatizados, é possível direcionar esforços para mais profissionalização, redução de custos e descoberta de novos mercados.

Outra opção, que não exclui a primeira, é investir em novos de produtos e serviços que realmente tragam valor aos clientes, geralmente para essas inciativas as portas dos investidores estão abertas, mesmo em tempos de crise”, pondera.

Para que os negócios já comecem com o pé direito, alguns pontos não podem passar despercebidos. Muitas vezes o empreendedor quer reformar o escritório, participar de eventos, fazer papelaria, e tudo isso é importante.

No entanto, para o especialista, a preocupação primordial é gerar resultado no menor espaço possível quando estamos falando de uma empresa em início de vida. E, para isso, a solução é vender.

Nakagawa concorda e ressalta que realmente é necessário trabalhar para vender: buscar oportunidade de negócios, clientes, fazer networking, sempre focado na venda final.

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No entanto, a chave para um início positivo é ter um bom plano de negócios, com todos os custos e despesas bem calculados numa planilha, mesmo que ainda seja uma base de valores.

“Ao longo do processo continue controlado e fazendo as arrumações necessárias nesta planilha. O controle financeiro é o coração da empresa, se perdemos este controle podemos ter um infarto, ou estar perdendo dinheiro”, orienta.

Vai dar lucro?

E, por falar em perda de dinheiro, os tributos também são um grande vilão. Portanto, Ísis Boostel, professora do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Horizonte, alerta que o empreendedor deve estar antenado às mudanças fiscais que podem impactar seu negócio.

“Preste atenção, por exemplo, na maior tributação com a desoneração da folha de pagamento, no aumento da taxas de impostos a insumos importados e na dificuldade de crédito em linhas privadas”, avalia.

De onde virá o investimento para o negócio, se linha privada, dinheiro da família ou capital próprio ou de um modelo de crowdsourding também deve ser uma preocupação legítima, segundo Ísis.

A professora também orienta que o empreendedor defina claramente a política de estoque e os fornecedores. “Isto pode ajudar em muito em relação a prazos que vão impactar o fluxo de caixa”, diz.

Para Mônica Lobenschuss, um ponto importante é ter uma reserva financeira real para o capital de giro, pois o lucro pode demorar um pouco mais para ocorrer.

“Muito importante também é manter as contas pessoais e as da empresa separadas e registradas em planilhas, para acompanhamento diário do fluxo de caixa”, ressalta.

E é justamente sobre o fluxo de caixa que Evandro Pinotti observa. Segundo o executivo, é algo de extrema importância. É ele quem manterá tudo acontecendo, oxigenará a organização e dará o fôlego para inovar, buscar crescimento e novos mercados.

“O fluxo de caixa demanda grande atenção em tempos de turbulência e pode gerar atrasos de pagamentos. Então, é sempre importante estar atento a saúde financeira dos clientes e, sempre que necessário, estar preparado para renegociar prazos e condições de pagamentos”, analisa.

Pinotti acredita, ainda, que seja sempre bom estar atento às taxas de juros, IGPM (Índice Geral de Preços de Mercado), dentre outros que possam impactar diretamente nos custos da empresa.

“Um aumento no IGPM impacta no aluguel, na conta de energia elétrica e, consequentemente, nos custos da empresa.

Dependendo da composição de custos, isso pode representar um grande ou pequeno impacto. Tenha tudo isso programado em um Plano Financeiro (acessório ao Plano de Negócios). Conhecimento organizado é fundamental”, orienta.

A perda de foco é outro ponto que pode atravancar o sucesso de uma empresa. “Não adianta abrir muitas frentes e não conseguir se dedicar integralmente.

Uma boa dica, nesse caso, é revisar o mix de produtos e eliminar aqueles que não estão trazendo giro de estoque e não possuem uma margem de lucro tão atraente”, observa Alencar.

Outro fator importante que não pode passar despercebido é o investimento em P&D. A falta de comprometimento com a constante pesquisa por novas tecnologias pode ser fatal ao negócio. “O investimento em P&D de longo prazo costuma dar musculatura para empresas superarem as crises econômicas.

Aliás, muitas das inovações que usamos nasceram em tempos crise. Mas para conseguir identificar uma boa ideia, é preciso aceitar a incerteza da inovação e os pontos de vista diferentes”, avisa o especialista.

Não olhe só para o financeiro

Além de driblar os obstáculos financeiros, podemos listar outros entraves para o sucesso de um negócio. Para Alencar, a falta de otimização de processos é um deles. “Ela pode ser resolvida com a implantação de um bom sistema para gestão empresarial”, sugere.

A capacitação é outro item que merece um olhar atencioso. “Ela deve sempre ser considerada um investimento mas nem sempre precisa de grandes quantias para que aconteça.

Falo isso porque uma empresa que precisa reduzir sua capacidade produtiva por conta da economia estagnada pode aproveitar essas horas para oferecer treinamentos in company organizados e ministrados pelos próprios colaboradores.

A multiplicação do conhecimento é uma ferramenta que traz muitos benefícios, além de integrar e engajar”, considera Alencar.

O especialista também pontua que muito se fala das dificuldades no ambiente de negócios, mas o que faz a verdadeira diferença é a gestão da porta para dentro da empresa. “Uma armadilha na qual as empresas podem cair facilmente é reduzir o investimento em marketing para conter despesas.

Porém, ao fazer isso, a empresa reduz sua presença no mercado e compromete a lembrança da sua marca entre seus consumidores. Existem muitas formas de otimizar as ações de marketing.

Na Senior, por exemplo, estamos trabalhando fortemente o marketing de conteúdo. Esta estratégia reforça nosso posicionamento de ser uma empresa que acredita no poder do conhecimento”, conta.

Alencar diz, ainda, que reinventar a forma de como a empresa irá engajar o seu público, com novas soluções e recursos, plataformas inovadoras de atendimento, mobilidade, cloud, social, é um desafio improrrogável da nova jornada que as organizações têm de percorrer para transformar o futuro dos seus negócios.

“E as tecnologias, soluções e novos modelos de negócios podem responder a esses desafios antecipando e democratizando o conhecimento”, ressalta o executivo, completando: “Por isso, não se isole.

Participar de eventos setoriais permite uma avaliação externa da crise e do cenário traçado para o futuro, além de representar um ótimo momento para o compartilhamento de experiências e soluções adotadas por outros empresários que estão no mesmo barco”.

O que ninguém te diz

Evandro Pinotti, CEO Brasil do grupo Resolve Franchising, aconselha os empreendedores a serem sempre inconformados. “Não se contente com o resultado de agora. Busque sempre o próximo passo mas não deixe de comemorar a conquista do passo anterior!”, diz.

Outro conselho do executivo é perguntar sempre que puder e quiser. “Você vai se surpreender com a quantidade de respostas que terá!”, ratifica.

Estar sempre aberto a ouvir, sem julgamentos é outra dica de Pinotti. “Seja um mediador, um facilitador. Por vezes, o time enxerga variáveis relevantes para as quais não nos atentamos. Nessa hora, o líder se faz necessário para levar ao objetivo comum”, ensina.

Para finalizar e ter certeza do sucesso, incentive a colaboração. Alencar Berwanger explica que quando os gestores estão abertos à sugestões de melhorias, conseguem enxergar outros valores que poderiam estar entregando ao mercado que ainda não foi agregado ao seu portfólio.

É importante ter em mente que, no processo de empreendedorismo, existirão opiniões conflitantes e diferentes. Desta forma, segundo Alencar, forjar consensos é inútil.

“Walter Lippman disse que quanto todos pensam igual é porque ninguém está pensando. Assim, os empreendedores são convidados a tomar decisões em meio a incertezas. Essas decisões podem representar o passo definitivo rumo ao sucesso”, observa.

Outras dicas:

Quer mais dicas importantes para que o novo empreendedor não caia nas armadilhas de um mercado morno e de uma economia instável? Veja:

  • Não caia na falta de planejamento. É ele quem vai te dizer como você vai levar a empresa aonde deseja ir. “Para isto, recomendo os cursos do Sebrae, que contam com consultores capacitados e conteúdo bastante atual”, diz Leo Gmeiner, empreendedor há 12 anos e sócio-fundador da Intuitive Appz e da Filho sem Fila.
  • Não fique apático. “O empreendedor deve ser o maior vendedor de sua empresa e deve acreditar tanto no negócio ao ponto de convencer qualquer pessoa. Ele não pode ficar apático, esperando os negócios acontecerem sozinhos”, observa Mônica Lobenschuss.
  • Atualize a equipe em sua área de atuação. “Treinamentos e visitas a feiras/eventos do setor são uma boa alternativa. Há muitas opções gratuitas e/ou de baixo investimento”, orienta Léo.
  • Seja organizado. “É fundamental ter uma agenda bem feita, com tempo todos os dias para as prioridades da empresa: vendas, gestão, controle de custos, relacionamento com clientes e busca de oportunidades”, ensina Mônica.
  • Conheça a concorrência e as melhores práticas do mercado. “Acompanhe constantemente as notícias e participe de grupos de discussão do setor. Isto pode te dar uma boa noção”, observa Léo.
  • Controle a confiança e seja humilde. Gmeiner diz que confiar na sua empresa e acreditar que ela terá sucesso é fundamental. Mas confiança que pode levar ao ponto de achar que não se precisa melhorar seu negócio pode ser fatal para o negócio.
  • Atente ao pós-venda. “A venda é mais do que entregar, é manter o cliente feliz, atendido e, consequentemente, fidelizado. Sem olhar para o pós-venda, aumentamos a chance de não conseguir manter os clientes atuais”, orienta.
  • Não perca tempo. Como o ditado já diz: “tempo é dinheiro”. “O empreendedor deve ter essa noção a cada minuto, determinando o que só ele pode fazer (reuniões de negócios, parcerias estratégicas, etc.) e o que deve ser desenvolvido por sua competente equipe. Ter noção dessa prioridade pode ser a chave do sucesso das empresas”, conclui Mônica.

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★ Dica Importante!

Para qualquer negócio que você for montar é importante fazer um planejamento. Para isso, estude em livros, contrate uma consultoria ou use o Kit Novo Negócio.

Enfim, escolha a opção que mais lhe agrada, apenas NÃO ARRISQUE suas economias e o bem-estar da sua família em um chute!


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